Porque na iminência do movimento as forças de resistência se igualam à força aplicada. Deveria ser um momento de tensão. Mas não. É a mais perfeita calmaria. É o último instante de calmaria antes do caos. Calmaria, esta, causada por essa quase tensão. Mesma intensidade e direções diferentes. Assim sou eu: duas forças de mesma intensidade - razão e emoção - exercidades em sentidos opostos. Equilíbrio? Tensão camuflada? Eu diria que isso é ser pessoa.




terça-feira, 6 de abril de 2010

Telepatia



Era fim de tarde na estrada. Buscávamos refúgio,fugíamos. Aquela música me lembrava pés descalços e pouca roupa. Nós tínhamos cara de quem aprontou e não se arrependeu e vai aprontar de novo.

Naquele instante só havia duas coisas: música e silêncio. Mas o silêncio entre nós não incomodava. Ao contrário, fazia de nós cúmplices. Éramos cúmplices de um crime o qual pretendíamos cometer novamente, e novamente e quantas vezes houvesse vontade. Se havia silêncio era porque não havia necessidade de dizer. O encontro de olhares já revelava de maneira tão clara o significado que talvez nem mesmo Vinícius ou Drummond hajam conseguido expressar, que por um segundo eu acreditei em telepatia.

E no segundo seguinte já fiz de nós a mesma alma habitando dois corpos. Eu ri de mim – que bobagem, somos homem e mulher e só. Então ela quebrou o silêncio: “É hora de pensar com a cabeça, né?”

4 comentários:

  1. "É hora de pensar com a cabeça" foi de uma interpretação limitadamente freudiana.

    "Se havia silêncio era porque não havia necessidade de dizer". Ficou massa, mostrou bem a interação.

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  2. tá ótimo... nem sabia q vc tava me seguindo no blog :D

    seguindo aqui tb*;

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  3. Amei esse texto, mas a frase'Se havia silêncio era porque não havia necessidade de dizer.' se sobressaiu. xD

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  4. Incrível... A gente lê um texto uma vez e sente uma coisa. Mas, aí vc lê de novo e ele transforma-se NO texto e vc sente A coisa!!! Caraca...

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