terça-feira, 6 de abril de 2010
Telepatia
Era fim de tarde na estrada. Buscávamos refúgio,fugíamos. Aquela música me lembrava pés descalços e pouca roupa. Nós tínhamos cara de quem aprontou e não se arrependeu e vai aprontar de novo.
Naquele instante só havia duas coisas: música e silêncio. Mas o silêncio entre nós não incomodava. Ao contrário, fazia de nós cúmplices. Éramos cúmplices de um crime o qual pretendíamos cometer novamente, e novamente e quantas vezes houvesse vontade. Se havia silêncio era porque não havia necessidade de dizer. O encontro de olhares já revelava de maneira tão clara o significado que talvez nem mesmo Vinícius ou Drummond hajam conseguido expressar, que por um segundo eu acreditei em telepatia.
E no segundo seguinte já fiz de nós a mesma alma habitando dois corpos. Eu ri de mim – que bobagem, somos homem e mulher e só. Então ela quebrou o silêncio: “É hora de pensar com a cabeça, né?”
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"É hora de pensar com a cabeça" foi de uma interpretação limitadamente freudiana.
ResponderExcluir"Se havia silêncio era porque não havia necessidade de dizer". Ficou massa, mostrou bem a interação.
tá ótimo... nem sabia q vc tava me seguindo no blog :D
ResponderExcluirseguindo aqui tb*;
Amei esse texto, mas a frase'Se havia silêncio era porque não havia necessidade de dizer.' se sobressaiu. xD
ResponderExcluirIncrível... A gente lê um texto uma vez e sente uma coisa. Mas, aí vc lê de novo e ele transforma-se NO texto e vc sente A coisa!!! Caraca...
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